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sábado, 8 de maio de 2010

DIA DAS MÃES


Artigo publicado no jornal “O Estado de São Paulo” em Maio de 1989.

Domingo é o Dia das Mães. Há quem torça o nariz a essa data, alegando ser ela uma jogada de marketing. Tanto faz. A data pode ser uma invenção do comércio, mas a minha mãe seguramente não é. Sinto-me no dever de homenageá-la e, através dela, a todas as mulheres, razão maior de nossa existência, sentido único de nossas vidas.
Depois de Deus, o único ser onipresente em nossas vidas é a mulher. Nascemos do útero de uma, morreremos nos braços de outra. Entre um evento e outro, em nome delas construímos a civilização. Seus desígnios, como o do Senhor, são imponderáveis. Nunca chegamos a compreendê-las. A natureza, para nosso alívio, nos poupou dessa missão impossível: cabe-nos apenas amá-las e respeitá-las.
Fui criado dentro da mística machista. Mas, confesso que através da vida, nunca presenciei nenhum fato que me provasse ser o homem realmente o sexo forte. Na escola, do primário à universidade, os primeiros dez lugares da classe, em notas, invariavelmente pertenciam às mulheres. O primeiro marmanjo vinha em décimo – primeiro, e, diziam as más línguas, ele não era tão marmanjo assim.
Pertenço à geração que, profundamente incomodada, assistiu à ascensão da mulher no mercado de trabalho. Dói-nos reconhecer, mas o fato é que elas são mais eficientes, esforçadas e determinadas do que nós.
Pobre do executivo que, em uma reunião de negócios, topa pela frente com um interlocutor do sexo feminino. A luta é desigual. Quando não nos fulminam com uma argumentação mais bem fundamentada (elas sempre estudam o ponto antes…), tratam de derreter nossa intransigência com um simples sorriso. Isso para não citar o extremo e desleal recurso da lágrima, sem dúvida, a mais poderosa força hidráulica jamais criada pela humanidade.
Apesar de sua inegável superioridade, ainda lhes reservamos, nas organizações, funções quase exclusivamente subalternas. Elas alegam que isso é chauvinismo. Talvez tenha sido, no passado. Hoje, infelizmente, é puro instinto de sobrevivência.
Se, aos poucos, vão nos superando no campo profissional, desde sempre nos suplantaram na política da vida. São biológica e afetivamente mais resistentes do que o homem: vivem mais tempo que nós e, o que é pior, são plenamente capazes de viver sem nós. Quem nos dera poder afirmar o mesmo!
A arena onde os dois sexos medem esforços é o matrimônio. O homem o procura em busca de carinho e sentido para a sua vida. A mulher, em geral mais prática, procura nessa aliança o ninho seguro para criar os filhos. Obviamente o poder de barganha do homem é muito menor. Acabam restando, nos dias atuais, apenas três tipos de casamento: aqueles que não dão certo; aqueles em que a mulher manda e aqueles em que o homem pensa que manda…
A mulher concebe, o homem não. E aí está, fundamentalmente, a diferença. Deus delegou a elas, e não á nós, o dom de reproduzir a vida. E nós nunca as perdoamos por isso.
Através dos séculos, as flagelamos, as dominamos, as submetemos justamente para que, dessa forma, pudéssemos camuflar a nossa revolta, a nossa frustração, o nosso inconsciente sentimento de inferioridade.
Impusemos a sua virgindade, exigimos a sua exclusividade, trancamo-las, a sete chaves, em nossos castelos. Elas, mais seguras, nunca nos reivindicaram nada disso. As mulheres multiplicam a vida, os homens só possuem a sua. A mulher, espiritualmente, é o maior e único tesouro do homem. Assim sendo, ela a guarda, esconde e trancafia. Abençoada ela que, mesmo na clausura, possui a luz para gerar, de seu próprio ventre, os objetos de seu amor.
A mulher, acima de tudo, é mãe. E não há palavra mais bela, mais suave e mais plena de conteúdo que lábios humanos sejam capazes de pronunciar. No pensamento de Khalil Gibran, o vocábulo “mãe” é tudo nessa vida.
Essa palavra, ao mesmo tempo pequena e imensa, significa o consolo na aflição, a luz na desesperança, a força na derrota; é o peito onde reclinamos nossa cabeça, a mão que nos abençoa, o olho que nos protege.
Quer o destino que nossas mães cruzem os portões do infinito antes que nós o façamos. E assim, por sabedoria de Deus, aprendemos a transferir todo o seu significado para nossas mulheres, que são mães de nossos filhos, que serão mães de nossos netos. Este é o sublime milagre da vida. Este é o sentido de nossa existência.
Peço perdão por ter fugido aos temas usuais desta página. Não podia me furtar a fazê-lo. Acima da política, da economia e da nossa carreira, paira um símbolo maior que tudo. E todos nós, intimamente, esperamos poder repetir as palavras de Maurice Chevalier, já idoso, na última página de seu livro de memórias: “…Quando a Dama de Negro vier, poderei sempre embelezar o momento, imaginando que é minha mãe que me estende os braços dizendo: – Trabalhaste bastante…vem, meu filho…que agora eu cuido um pouco de ti”.

FELIZ DIA DAS MÃES!

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ALGUMAS CITAÇOES:

As mulheres precisam ser amadas, não compreendidas.

Com certeza, se casem. Se casar com uma boa mulher, será um homem feliz. Se casar com uma má, se convertirá em filósofo. (Socrates)

Não sou um santo. A menos que para você um santo seja um pecador que simplesmente segue se esforçando. (Nelson Mandela)

Nunca penso no futuro - ele já chegará. (Albert Einstein)

Os melhores amigos ouvem o que você não diz.

Nossos amigos são os irmãos que nunca tivemos.

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