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domingo, 10 de abril de 2011

ORIGEM DO CHIMARRÃO...




Assunção havia-se transformado na pérola das colônias espanholas na América. O general Irala, que numa conspiração derrubara o segundo adelantado (governador de província) e estendera seus domínios às planuras do Pampa, aos contrafortes dos Andes e até Sierra Encantada-Peru, ao Norte, investiu para o Leste e chegou, em 1554 , às terras de Guaíra, atual Paraná. Ali foi recebido por 300.000 guaranis com alegria e hospitalidade, como narra Barbosa Lessa em seu livro "História do Chimarrão". Além da acolhida, o que chamou a atenção foi que os índios de Guaíra eram mais fortes do que os guaranis de qualquer outra região, mais alegres e dóceis. Entre seus hábitos, havia o uso de uma bebida feita com folhas fragmentadas, tomadas em um pequeno porongo por meio de um canudo de taquara na base um trançado de fibras para impedir que as partículas das folhas fossem ingeridas. Os guaranis chamavam-na de caá-i (água de erva saborosa) e dizem que seu uso fora transmitido por tupã.
Os conquistadores provaram o chimarrão e realmente o acharam saboroso e alguns poucos goles davam uma sensação de bem-estar ao organismo. De volta a Assunção, os soldados de Irala levaram um bom carregamento de erva. Em pouco tempo, o comércio da erva-mate se tornava o mais rendoso da Colônia. O uso do chimarrão se estendeu às margens do Prata, conquistou Buenos Aires, transpôs os Andes, chegou a Potosi, enriquecendo os donos do Paraguai. Assunção dobrou de população e de tamanho. As fortunas se agigantavam.
O chimarrão também fez a riqueza dos jesuítas que se estabeleceram no Guaíra, ao sul do Paranapanema e nos Sete Povos, à margem oriental do Uruguai. Fazendo plantio de ervais, depois de fracassos iniciais para germinar a semente, os jesuítas inventaram a caá-mini, pó grosso de erva- mate, que passou a valer três vezes mais e, com sua exportação, ganharam muito dinheiro, trazendo um período de opulência para os Sete Povos e as Missões.
Os bandeirantes invadiram as Missões do Guaíra em 1638, descobriram também a erva-mate e a levaram para São Vicente. Por sua vez, os tropeiros que vinham de Minas Gerais comprar mulas nos Campos Gerais, voltavam com grandes carregamentos de mate. Assim, o chimarrão se espalhava e todos que o sorviam aprovavam o seu uso.
Quando, em 1813, o ditador paraguaio, Dr. Francia, proibiu as exportações de erva-mate, o Brasil se tornou o único produtor e exportador de chimarrão. Comerciantes paraguaios e espanhóis vieram instalar-se no Paraná, trazendo engenhos de soque. Com a abertura da estrada Serra Graciosa, em 1876, Curitiba se tornou um centro de exportação, transformando a erva-mate em uma das maiores riquezas nacionais. Com a decisão da questão dos limites de Missões, em 1910, o presidente dos Estados Unidos, escolhido como árbitro, julgou o caso a favor da Argentina e lá se foi uma boa parte de nossa região ervateira, a única até hoje daquele país, na província de Misiones.
Os argentinos descobriram o segredo que havia sido guardado com os jesuítas de como fazer germinar a semente e plantaram seus ervais que, em pouco tempo, se estendiam em milhares de pés pelo território de Misiones. No primeiro ano da colheita, 1914, alcançavam 3 milhões de quilos e, vinte anos depois, atingiam os 7 milhões de quilos. Atualmente, a Argentina é o maio exportador, com 38 mil toneladas, em 1995 e o maior produtor com 780 mil toneladas. Em segundo vem o Brasil com 550 mil toneladas produzidas e 26.422 exportada nesse mesmo ano. O outro país que desenvolve a cultura é o Paraguai, com uma produção de 64 mil toneladas e 112 toneladas exportadas, segundo dados dos anais do III Encontro Nacional sobre a Cultura da Erva-Mate. (25.4.1990 Erechim/RS.)
A chimarrão também é consumido no Chile e no Uruguai, que apresenta o maior consumo per capita 8—10 kg/hab/ano, enquanto na Argentina se situa ao redor de 6,5 kg/hab/ano e, na região sul do Brasil, entre 3 e 5 kg/hab/ano. O principal consumidor externo é o Uruguai, que responde por cerca de 80% das exportações brasileiras, enquanto o principal importador da Argentina é a Síria, consumindo cerca de 38% de suas exportações, seguida pelo Brasil com 32%. A erva-mate é ainda exportada para Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.
Essa imensa riqueza tem 85% de sua área de distribuição geográfica concentrada nos três Estados do Sul do Brasil. Todos os que experimentam aprovam seu sabor e seus efeitos estimulantes e tonificantes. Por isso, seu consumo tem-se espalhado pelo mundo. Atualmente, uma bebida energética — Blue Energy — feita nos Estados Unidos com erva procedente da Alemanha, é muito consumida em boates brasileiras. Além do tradicional chimarrão e chás, verifica-se evolução no mercado para produtos derivados de erva-mate e, especialmente os prontos para beber, ressaltando-se o fato de serem naturais, o que atrai o consumidor. Há, pois, um campo enorme para crescimento do consumo da erva-mate, tanto no Brasil como no exterior.
Por outro lado, existem pesquisas e tecnologias disponíveis que permitem melhorar o padrão do chimarrão produzido e aumentar a sua produção, através do adensamento dos ervais nativos ou do plantio de novos ervais. O beneficiamento do chimarrão está sendo modernizado e outras pesquisas vêm sendo buscadas em termos de mercado, usos alternativos e qualidade de produção. O certo é que os tempos de esplendor experimentados em Assunção, nas Missões Jesuíticas, no Paraná podem ser revividos. Basta que a indústria nacional do chimarrão se una e explore esse marketing fabuloso que a caá-i traz em seu âmago.



Tradição além das fronteiras gaúchas
Uma lenda indígena, descrita por Alcides Gatto, da Universidade Federal de Santa Maria, indica como começou o uso da erva mate. A mais antiga aponta para a trajetória de uma tribo nômade de índios guarany. Um dia, um velho índio, cansado das andanças, recusou-se a seguir adiante, preferindo ficar na tapera. A mais jovem de suas filhas, apesar do coração partido, preferiu ficar com o pai, amparando-o até que a morte o levasse à paz do Yvi-Marai, a seguir adiante, com os moços de sua tribo.

Essa atitude de amor rendeu-lhe uma recompensa. Um dia um pajé desconhecido encontrou-os e perguntou à filha Jary o que é ela queria para ser feliz. A moça nada pediu, mas o velho pediu ‘renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro da tribo’.
O pajé entregou-lhe uma planta muito verde, perfumada de bondade, e o ensinou que, plantando e colhendo as folhas, secando-as ao fogo e as triturando, devia colocá-las num porongo e acrescentar água quente ou fria. ‘Sorvendo essa infusão, terás nessa nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão’. O ancião se recuperou, ganhou forças e viajou até o reencontro de sua tribo.
Assim nasceu e cresceu a caá-mini, que dela resultou a bebida caá-y, que os brancos mais tarde chamaram de chimarrão. A origem do nome mate vem do povo espanhol, que preferiu usar a palavra ‘mati’ (cuia), da língua quíchua, para se ajustar melhor à modalidade grave do idioma. No entanto, logo foi substituída por uma palavra guarany –caiguá – nome composto por caá (erva), (água) e guá(recipiente).
Curando as ‘borracheras’
A tradição do chimarrão é antiga e remete a tradição à história da colonização espanhola. Soldados espanhóis, que aportaram em Cuba e foram ao México ‘capturar’ os conhecimentos das civilizações Maia e Azteca, em 1536 chegaram à foz do Rio Paraguay. Impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina: Assunción del Paraguay.
Acostumados a grandes ‘borracheras’ - porres memoráveis que muitas vezes duravam a noite toda - os desbravadores, nômades por natureza, sofriam com a ressaca. Aos poucos, foram tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios Guarany e notavam que no dia seguinte ficavam melhores. Realmente, o mate amargo é um bom ativante do fígado, auxiliando a curar o mal-estar causado pela bebida.
O porongo e a bomba do chimarrão eram retirados de floresta de taquaras, às margens do rio Paraguay. Por causa da tradição, os paraguaios tomam a bebida fria e em qualquer tipo de cuia. É o chamado tererê, que pode ser ingerido com gelo e limão ou com suco de laranja e limonada no lugar da água.
No Brasil, a erva é socada; na Argentina e no Uruguai, triturada. Nos países do Prata, ela é mais forte e amarga, sendo recomendada para quem sofre de problemas no fígado.



Um prazer compartilhado
Uma roda de chimarrão é um momento de descontração, fazendo parte de um ritual indispensável para unir gerações. O mate pode ser tomado de três maneiras: solito(isoladamente), parceria (uma companheira ou companheiro) e em roda (em grupo).
O mate solito faz parte da cultura do homem que não precisa de estímulo maior para matear do que sua própria vontade. Pode-se dizer que é o verdadeiro mateador, ao contrário do mate de parceria, em que a pessoa espera por um ou dois companheiros. É na roda de mate, porém, que esta tradição conquistou seu apogeu, agrupando pessoas em torno de uma mesma ação: chimarraer.
Aos navegantes de primeira viagem, um aviso: nunca peça um mate, por mais vontade que tenha. Poderá sugeri-lo de forma sutil, esperando que lhe ofereçam. Há um respeito mítico nas rodas de mate.



Matear com excelência
Ao adquirir uma cuia nova é preciso curtí-la por, no mínimo, três dias, ato que é conhecido como curar uma cuia. Deve-se enche-la de erva-mate pura ou misturada com cinza vegetal e água quente, mantendo o pirão sempre úmido, impregnando, assim, o gosto da erva em suas paredes. A cinza é utilizada para dar maior resistência ao porongo.
Passando o tempo, retira-se a erva-mate da cuia com uma colher para eliminar os restos de erva. Basta enxaguá-la com água quente e estará pronta para ser usada. O mate se cura cevando, ou seja, quanto mais vezes é tomado, melhores serão os mates.



O ato de preparar o mate pode ser chamado de:
cevar o mate
fechar o mate
fazer o mate
enfrenar o mate
ou chimarrão
A palavra amargo também é usada em lugar de mate ou chimarrão. Convite para tomar mate:
vamos matear?
vamos gervear?
vamos chimarrear?
vamos verdear?
vamos amarguear?
vamos apertar um mate?
vamos tomar mate ou um mate?
vamos tomar um chimarrão?
que tal um mate?


A mão direita – A entrega da cuia e o recebimento do mate deve ser feito com a mão direita.
Enchendo o mate - Pega-se a cuia com a mão esquerda e o recipiente com a direita. Após, acomoda-se o recipiente e se troca a cuia de mão para matear ou oferecer o mate. seguindo-se, sempre, pelo lado direito, o lado de laçar. O sentido da volta na roda de mate deverá partir pela direita do cevador ou enchedor de mate.
A água para preparar o mate - A temperatura nunca deve estar muito quente, pois pode queimar a erva, dando um gosto desagradável ao mate e lavando-o rapidamente.
O pialador de mate - É o indivíduo que, chegando numa roda de mate, posiciona-se à frente da pessoa que está mateando e à esquerda na mão da roda. O correto é ficar antes do mateador, sempre a sua direita.
A água do mate - A água nuncadeverá ser fervida, pela perda de oxigênio, transmitindo um sabor diferente ao mateador. O ideal é quando a água apenas chia.
Cevar com cachaça - Quando as pessoas fecham um mate (ato de prepará-lo), costumam, em lugar de água para inchar a erva, colocar cachaça, pois ela fixa por mais tempo a fortidão da erva-mate, sem deixar o gosto do álcool. Uma vez inchada a erva, cospe-se fora a infusão até roncar bem a cuia, esgotando-se completamente o líquido.
Só o cevador pode mexer no mate - A menos que se obtenha licença, só o cevador deve arrumar o mate, considerando-se falta de respeito mexer sem permissão. Podemos, isto sim, ao devolver a cuia, avisá-lo do problema.
Em roda de mate - É comum, após o primeiro mate, que sempre é do iniciar a rodaa pelo mais velho ou por alguém a quem se queira homenagear.
O primeiro mate - Todo aquele que fecha um mate deve tomá-lo primeiro em presença do parceiro ou na roda de mate. Este fato se tornou tradicional devido a épocas em que o mate serviu de veículo para envenenamentos. Por isso, o ato do mateador tomar o primeiro indica que o mate está em condições de ser tomado. Há a lenda jesuíta, que atribuía valores afrodisíacos ao mate. Para evitar que os índios passassem a maior parte do dia mateando, tentando afastá-los do hábito, criaram o mito entre os silvícolas cristianizados que Anhangá Pitã (diabo) estava dentro do mate.
Roncar a cuia - Uma vez servido o mate, deve ser tomado todo, até esgotá-lo, fazendo roncar a cuia.


Os dez mandamentos do chimarrão
1) Não peças açúcar no mate
2) Não digas que o chimarrão é anti-higiênico
3) Não digas que o mate está quente demais
4) Não deixes um mate pela metade
5) Não te envergonhes do "ronco" no fim do mate
6) Não mexas na bomba
7) Não alteres a ordem em que o mate é servido
8) Não "durmas" com a cuia na mão
9) Não condenes o dono da casa por tomar o 1º mate
10) Não digas que chimarrão dá câncer na garganta

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